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Sou eu e só eu

Thursday, January 07, 2010

Vamos cantar os Reis


CANTAR OS REIS

Ainda agora aqui cheguei
Já pus o pé na escada
Logo o meu coração disse
Que aqui mora gente honrada.

Nós não vimos pelas Janeiras
Nós Janeiras cá trazemos
Vimos pelas obrigações
Que a esta casa devemos.

De quem é aquele chapéu
Que além está dependurado
É do dono desta casa
Que é bonito como um cravo.

Viva lá senhor António
Usa o seu chapéu direito
Quando vai pela rua fora
Todos lhe guardam respeito.

De quem é aquela espingarda
Que além está no corredor
É do senhor Senhor
Que é um belo caçador.

Viva lá minha senhora
Raminho de salsa crua
Quando chega à janela
Põe-se o sol e nasce a lua.

Viva lá senhora Isabel
Raminho de palma branca
Ainda anda neste mundo
Já no céu é uma santa.

Viva lá senhora Isabel
Muito lhe diz o seu véu
Quando vai igreja acima
Parece um anjo do céu.

Viva lá minha senhora
Linda boquinha de riso
Linda maçã camoesa
Criada no paraíso

De quem é aquele anel d'oiro
Com pedrinhas ao redol
É do menino Anibal
Que é bonito como o sol.

Viva lá menina Juju
Suas faces são romãs
Seus olhos são mais galantes
Do que a estrela da manhã.

De quem é aquele anel d'oiro
Com letrinhas de amor está quedo
É do menino desta casa
Que lhe caíu do seu dedo.

Levante-se minha senhora
Desse banco de cortiça
Venha-nos dar as janeiras
Ou morcela ou chouriça.

Levante-se lá senhora
Desse banquinho de prata
Venha-nos dar as janeiras
Que está um frio que mata.

Se nos querem dar os Reis
comecem-nos a talhar
nós somos de muito longe
temos jornada para andar

se o presunto está teso
e a faca não o quer cortar
façam ferrunfunfum
nas beiças do alguidar

Ó que estrela tão brilhante
Que nos vem alumiar
É a senhora desta casa
Que nos vem a convidar.


(ouvirem passos, cantavam sem mais demora:)

Alegrai-vos companheiros
Que eu já sinto gente a andar
É a senhora desta casa
Que nos vem a convidar.

(Como a dona da casa correspondesse, agradeciam, desde logo, a cantar:)

Ó que estrela tão brilhante
Que vem dos lados do norte
À família desta casa
Ó Deus lhe dê uma boa sorte.

(Caso tal não acontecesse, seguiam-se os apupos:)

Trinca martelo
Torna a trincar
Barbas de chibo
Não tem que nos dar.

os Reis que agora cantamos
voltamos a descanta-los

esta casa é furreta
não tem nada que nos dar
só tem uma arca velha
onde os ratos vão mijar