A MANHÃ DO DIA DE NATAL
Quando eu acreditava no Menino de Jesus, agora chamado de Pai Natal, era tão bonito.....
Eu ainda era pequena, tenho a ideia que havia muita festa e muito reboliço lá em casa , a minha mãe andava muito atarefada a preparar a ceia para a noite de consoada. De todos os fritos que se confeccionavam lá em casa, eu sei que a minha mãe se divertia imenso a fritar os sonhos, porque ela amassava-os muito bem e na sertã eles cresciam tanto como enganavam, porque por dentro ficavam ocos. Aquele dia passava muito depressa.
Após a ceia começava a fervilhar uma certa ansiedade, uma inquietação, o soninho começava a rondar mas, eu não queria adormecer, queria ver chegar o Menino Jesus a colocar os presentes no meu sapatinho, botinha, meia era tudo o que eu mais queria. Nunca o vi chegar, pois o soninho vinha primeiro e adormecia quase a medo. Eu não entendia como é que o Menino Jesus descia pela chaminé a não se queimava e, também não entendia como é que ele pensava em todas as crianças não se esquecia de trazer presentes para todas. Para mim era um mistério, imaginava um Menino de Jesus muito atarefado e sempre a correr.
De manhã, acordava toda eufórica e ia muito depressa ver os presentes, lembro-me que eram sempre os mesmos. Uma filhó, um pacote de bolacha baunilha e uns rebuçadinhos comprados na taberna da aldeia), umas meias de lã ou umas luvas que a minha avó e a minha mãe tricotavam às escondidas para a divina surpresa.
Mas esperem, o melhor era quando chegávamos à chaminé e não víamos ( eu e as minhas irmãs) os nossos sapatinhos, que desespero, corríamos aflitas ao quarto dos nossos pais a comunicar a triste surpresa. O meu pai adora brincar connosco e começava a dar palpites, -- eu vi um sapato debaixo da mesa da sala -- depois dizia a minha mãe __ uma bota está, está..., está...., pensava ela... está no Nicho do Stº António, lá ia minha irmã a correr, enfim , são recordações.
Eu descobri uma coisa, foi horrivel , descobri que as meias às risca tinham sido feitas pela avozinha, podia não ter dito nada, mas reparem, eu vi as lãs na cesta do tricot, fiquei muito triste, acabou aí o meu sonho de criança e ainda hoje costumo dizer, que foi nessa altura que o Menino Jesus se zangou, nunca mais fizemos as pazes e raramente me traz presentes.
quem sabe se este ano............................. fico á espera
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