A MINHA VINDIMA

Era um cheirinho a fruta que ia caindo das árvores, e nós íamos à vinha e apanhávamos do chão a fruta que ia caindo e trazíamos para casa para depois de cortada em pedaços a deitarmos na vianda dos porcos.

Ai pelo 10 de agosto começava a pintar o vago, pela meada de setembro começávamos a ir à vinha e trazíamos os primeiros bastardos , havia os pretos e os roxos, que comíamos de manhã com pão centeio, que bem sabiam.

No fim de setembro começavam as vindimas, logo, havia que cortar as uvas para guardar para serem comidas no natal e para ir comendo de vez em quando aos lanches, esta era uma tarefa para irmos fazendo. Depois de colocadas em cima de uma mesa onde eram feitos os carrelos que depois se penduravam no forro dos quartos.Estes eram feitos com uvas de rei, com uvas brancas, que depois de bem maduras se transformavam em cachos dourados,e, com cachos de moscatel, na nossa vinha havia bastantes

A vindima

uma semana antes terminava-se a vindima, então, chamavam-se as  mulheres para cortar as uvas, umas iam à jeira, e, outras a torna jeira, isto é, as primeiras recebias dinheiro, as outras era troca por troca, nós íamos para a vindima delas e elas vinham para a nossa vindima

No dia da vindima era uma azáfama, mas o que eu gostava mais era do matabicho, este era bem recheado, não faltavam as sardinhas fritas, comiam-se com os "carolos" de pão,bacalhau frito, fatias de presunto, queijo de cabra e de ovelha curado, pois era preciso comer para se ganhar força para cortar as uvas. Havia muitas cantorias, enquanto se cortavam as uvas, o mais chato era apanhar os vagos.

Depois as uvas eram transportadas em carros de bois até aos lagares onde eram esmagadas para delas se retirar os delicados licores, que era o vinho e a joropia.

O almoço da vindima também era muito bom. Comia-se o caldo, as batatas com bacalhau, sabiam tão bem, que ainda hoje as faço